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segunda-feira, 18 de julho de 2011

'Me encantou fazer uma personagem engraçada', diz Adriana Garambone


Os traços marcantes do rosto de Adriana Garambone se destacaram nos comerciais de tevê desde que esta carioca foi descoberta no concurso Supermodel of The World, que revelava talentos para a moda no final da década de 80. De lá para cá, a atriz de 41 anos que vive a irreverente cantora Eva, em Rebelde, não parou mais. Começou a atuar em peças profissionais até estrear na Globo, na novelinha Caça Talentos, há 15 anos. Depois de personagens bissextas na emissora, em tramas como Salsa e Merengue e Esplendor, Adriana foi para a Record em 2005, onde estreou em Essas Mulheres. Sempre com personagens intensas e fortes, agora a atriz vive seu primeiro papel mais histriônico na emissora. "Eva é diferente de tudo que eu já tinha interpretado. Faço uma voz fina, mais alta. Uma coisa mais aguda mesmo, para ela ter esse tom acima", explica. 
TV Press - A maioria de suas personagens na tevê era séria, distante da comédia. Como tem sido viver a Eva, um papel cômico, uma superstar cheia de exageros? 
Adriana Garambone - Me encantou fazer uma personagem engraçada, para cima. O mais divertido dela é essa abordagem de ser famosa, como ela se vê, sempre querendo aparecer a todo custo. Eva é meu oposto. Sempre fui muito "low profile", tenho uma vida muito reservada. Ela é o contrário, quer expor a vida inteira, quer que todo mundo saiba o que está fazendo. Mas é interessante, porque é um perfil muito comum, que a gente vê o tempo inteiro por aí. Eva retrata a falta de maturidade, o egocentrismo e a carência de muitas atrizes e cantoras. É bem divertido.
TV Press - Onde você buscou referências para essa composição?
Adriana Garambone - (risos) Não vou dar nomes, mas me inspirei em pessoas que eu já conheci, que adoram a mídia e amam aparecer. Tem gente que se vê de fora, como se fosse o próprio público. Isso gera consequências na vida da personagem. Ela destrói os namoros porque coloca os namorados na mídia. Essas pessoas que agem assim são muito egoístas, né? Só veem o mundo delas. Não se preocupam com mais nada nem ninguém. Construí ela meio adolescente, sem amadurecimento emocional. 
TV Press - Você sentia falta de seguir mais a linha do humor? 
Adriana Garambone - Gosto muito de variar. A Maura, de Poder Paralelo, tinha uma figura apagada e a Eva é expansiva. As pessoas comentam muito como eu fazia a Maura e a Eva. Elas são totalmente diferentes. Não penso em fazer o oposto. Vou construindo a atitude que está no texto e convivendo da melhor forma com as emoções que elas me passam.
TV Press - Essas emoções chegam a influenciar sua vida durante o período em que você vive determinado personagem?
Adriana Garambone - Falar como Eva, por exemplo, me desgasta, é cansativo. Eu vivo de verdade essa mulher. Não dá para chegar em casa e fingir que nada aconteceu. Eu fico um tempo acelerada até voltar ao normal. Com a Maura, que era mais deprê, ficava para baixo um tempo. O corpo não sabe que é brincadeira. Ele vive as emoções de verdade. Em uma cena de ataque histérico, você fica tremendo, suando. Quando comecei a reparar isso, entendi que o físico não sabe que você está brincando. Falei que nesse trabalho ia fazer uma coisa leve, uma novela adolescente, que iria brincar. Quando tenho 10 cenas com a Eva, chego em casa exausta e vou direto dormir, nem consigo comer. Imagina 15 cenas de uma pessoa ligada no volume 10? A Maura ficava sentada no sofá tomando cafezinho. Era mais fácil (risos). 
TV Press - Você começou sua carreira como bailarina, trabalhou como modelo de comerciais, estreou na tevê há 15 anos e hoje se divide entre a Record e a atuação em musicais. Como avalia essa trajetória?
Adriana Garambone - Fico feliz em poder diversificar. Terminei de protagonizar Gypsy no teatro e entrei direto em Rebelde. O mercado de musicais está crescente, mas ainda não dá para se viver no Brasil de uma coisa só. Nem apenas de musicais ou de televisão. Não dá para ser como nos Estados Unidos, que os atores conseguem se especializar em só fazer musicais. Mas essa é uma rotina dura demais. Não sei como tem gente que aguenta viver só disso. Você não pode falar muito, beber álcool, estar em lugar com fumaça, tem de dormir muito e levar uma vida de sacerdócio. Dá para viver assim por um ano. Mais que isso, você vira monge. É dificílimo. Tem hora que gosto de dar uma relaxada, chamar amigos para minha casa, falar alto. Outro dia vivi uma situação assim. Minha família veio de outra cidade e não pude sair com ela porque não podia falar para poupar a voz. O preço é alto, mas é maravilhoso, um megaevento.

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